XÔ, MARACAJÁ! DESINFETA!

Triste Esporte Clube Bahia, oh quão dessemelhante. Só mesmo adulterando o famoso verso seiscentista do poeta baiano Gregório de Mattos e Guerra, o Boca do Inferno, para sintetizar a tragédia que vem sendo produzida e alimentada há muitos anos no maior clube de futebol do Nordeste, dono de uma das cinco maiores torcidas do país. Essa tragédia tem nome: Paulo Maracajá, o porretão, o bambambã, o cão de calçolão chupando manga do Esporte Clube Bahia. Ele é o cara que manda em tudo, o primeiro e único, como os reis Momos d’antanho (dos velhos tempos em que os reis Momos eram gordos).

Maracajá, a rigor, não seria tema para se tratar em espaço sério. Mas, para o bem ou para o mal, o jornalismo tem dessas coisas e volta e meia a gente tem que escrever sobre o que não aprecia. É o caso. A verdade é que a Bahia e a torcida do Bahia assistem, impotentes, esse cara e a turma dele conduzirem o clube ao estado terminal.Com uma dívida inadministrável (inexplicavelmente construída nos últimos dez anos, depois de ter sido zerada pelo Banco Opportunity), sem estádio para mandar seus jogos, com sua torcida submetida a deslocamentos quilométricos para poder ver o time (esforçado, mas limitadíssimo) e com uma gestão absurdamente incompetente e medíocre, o Bahia caminha a passos largos para o fim, para o que os baianos costumam chamar de “processo de ipiranguização”.Para que o Bahia não acabe como o Ipiranga é preciso derrubar Maracajá. Como, não me perguntem, mas há que se descobrir um jeito rapidinho, antes que seja tarde. Uma ação popular, um mandado de segurança, um golpe de Estado, sei lá o quê, mas alguma coisa tem que ser feita. Não dá para admitir um patrimônio do povo baiano como o Bahia estar entregue a gente como Maracajá. Para os que estavam esquecidos do seu estilo carcomido e malandro (vez que, oficialmente, ele anda escondido, se mexe apenas nos bastidores), o recente exemplo da aprovação do novo estatuto do clube é emblemático. Depois de mandar seu menino de recados Petrônio Barradão prometer eleições diretas no Bahia (ao assumir a presidência interina do clube, em 2005), Maracajá ignorou o compromisso e comandou a votação do novo estatuto do seu jeito.Para tanto, convocou o fajuto Conselho Deliberativo do Bahia, formado e manipulado por ele, para uma reunião igualmente fajuta, à qual compareceram apenas 78 dos 323 conselheiros (menos de um quarto do total). Claro. Ele marcou a tal reunião para a quinta-feira de Carnaval e, ainda por cima, no mesmo horário em que estava sendo transmitido o jogo do Bahia contra o Ipitanga, em Madre de Deus. Dos 78 presentes, 75 votaram a favor do novo estatuto.A reunião da assembléia geral do Esporte Clube Bahia para referendar o estatuto foi outra comédia. Do conjunto de associados (que ninguém sabe ao certo quantos são), somente 173 compareceram à sede de praia do clube. Ou melhor, para lá foram levados em vários ônibus alugados por alguém, não se sabe exatamente quem. Resultado da votação? 162 a 11. Verdadeira goleada, típica da mutreta vergonhosa que marca, há décadas, todas as eleições, as votações, as reuniões do Conselho Deliberativo e as assembléias gerais de sócios do Bahia. Que, aliás, sócios não há, vez que é praticamente proibido se associar ao clube – quem quiser que tente.O que não dá para entender é por que Maracajá não larga o osso. Ele já rapou do Bahia tudo o que podia rapar. Ganhou os mandatos parlamentares que pôde ganhar (hoje não se elegeria síndico de condomínio), ganhou um cargo vitalício para o qual não tinha merecimento, o que mais ele pode querer? O Bahia não tem mais nada a lhe dar, nem prestígio. Hoje, a torcida o xinga de termos impublicáveis a cada jogo do time.Por tudo isso, é tão urgente enxotar Maracajá e toda sua turma. Vamos derrubar o homem. O que não dá mais é para o Bahia continuar navegando nas águas fétidas por onde hoje navega.E juro que não volto mais a este assunto. Revista Metrópole – fevereiro de 2008

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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