História do Bahia

Setentão mais que querido do Norte-Nordeste, o Esporte Clube Bahia foi fundado no dia 1º de janeiro de 1931, sob o slogan “nascido para vencer”. Mas a história do clube começou quase um mês antes e se deve fundamentalmente ao amor de ex-jogadores do Clube Bahiano de Tênis e Associação Atlética da Bahia pelo esporte bretão. Inconformados com o fim do departamento de futebol de seus clubes, Carlos Koch, Eugênio Walter, Fernando Tude, Júlio Almeida e Waldemar de Azevedo decidem em 8 de dezembro de 1930 – em encontro no Cabaré do Jokey, em Salvador – fundar uma nova agremiação para o futebol.

Uma reunião no dia 12 de dezembro de 1930 selaria as cores do clube, o estatuto, local de treinamento, aspectos financeiros e o presidente provisório, Otávio Carvalho. O time vestiria calção azul, camisa branca e faixa vermelha na cintura. Surge assim o uniforme tricolor.

Com o terreno preparado, a data escolhida foi o reveillon que marcaria a virada do ano de 1930 para 1931. Depois de um baile comemorativo, os rapazes – em sua maioria profissionais liberais, estudantes, funcionários públicos e jornalistas – se reuniram em plena madrugada na casa número 57, da Rua Carlos Gomes, para lançar oficialmente o Esporte Clube Bahia. E a profecia de que o clube nascia para vencer se concretizou logo no primeiro ano, quando conquistou os títulos do Torneio Início e do Campeonato Baiano.

O médico Waldemar da Costa é eleito o primeiro presidente do clube, que tem até hoje um rol de 32 nomes. Entre os mais conhecidos, o de Osório Villas-Boas (1958-1969), imortalizado pela reputação de aliciador de juízes e jogadores, e por sua forma pouco convencional de dirigir o clube. O ex-presidente empresta seu nome ao Centro de Treinamentos do Fazendão; Paulo Virgílio Maracajá Pereira (1979-1994), o presidente de “maior reinado” na história do Bahia e que permaneceu atuante mesmo fora do poder até o ano de 2003, quando resolveu se afastar; e Antonio Pithon (1996-1997), antecessor do atual presidente Marcelo Guimarães (desde 1997).

Início da hegemonia

Apesar das conquistas da década de 30, o Bahia se firma como maior potencia do futebol do estado na década de 40, quando conquistou nada menos do que seis (1940, 1944, 1945, 1947,1948 e 1949) dos 10 títulos baianos disputados. Ao levantar o troféu em 1950, o time sagra-se tetracampeão baiano pela primeira vez na história.

E a década de 50 ainda abriria espaço para outra conquista marcante do clube: o pentacampeonato estadual (1958, 1959, 1960,1961 e 1962). Em 1959, o tricolor assombrou o país, ao se mostrar capaz de vencer o Santos de Pelé na decisão e ficar com a Taça Brasil, primeira competição oficial de clubes brasileiros, percursora do atual Campeonato Brasileiro. A conquista fez do Bahia o primeiro representante brasileiro na Taça Libertadores da América, que teve sua edição de estréia em 1959.

Heptacampeão

Um dos times do hepta estadual. Em pé: Rafael, Sapatão, Rebouças, Baiaco, Romeu, Ubaldo. Agachados: Thyrso, Douglas, Beijoca, Fito e Marquinhos.

Acostumado com títulos, o torcedor viveu um período de “vacas magras” na década de 1960. Mas como a tempestade antecede a bonança, os anos 70 reservariam um dos momentos mágicos do tricolor em nível estadual. O time só não venceu a edição de 1972 do Campeonato Baiano – conquistada pelo rival Vitória – mas ficou com os títulos de 1970 e 1971, e conquistou o único heptacampeonato baiano da história, entre os anos de 1973 e 1979.

Mais uma vez o rival Vitória impediria uma seqüência vitoriosa que poderia se estender a 12 títulos consecutivos. O rubro-negro foi o campeão de 1980 e quebrou a possibilidade de o Bahia conquistar uma série ainda maior, já que o tricolor foi ainda o campeão entre os anos de 1981 e 1984.

Bicampeão Brasileiro

Apesar dos títulos baianos também em 1986 e 1987, o ano de 1988 foi, sem dúvida, o mais marcante da história do time. Sob a batuta do técnico Evaristo de Macedo, a equipe comandada por Bobô, Charles, Zé Carlos e João Marcelo conquistou o único título brasileiro do clube. Na primeira partida da final, disputada no dia 15 de fevereiro de 1989, mais de 100 mil pessoas assistiram à vitória por 2×1 sobre o Internacional, com dois gols de Bobô. No jogo de volta, quatro dias depois, no estádio da Beira-Rio (RS), o empate em 0x0 bastou para tornar o sonho realidade.

Vacas magras

Embevecidos com a conquista do título, os dirigentes se desfizeram de boa parte de suas estrelas. Bobô, Charles e Luiz Henrique deixaram o time. Outros tantos também trilharam o mesmo caminho. A resposta à política desastrada de venda dos jovens valores veio na década de 90, quando o tricolor assistiu ao crescimento acelerado do rival Vitória.

Nem com a transformação em clube-empresa, o Bahia S/A, um dos primeiros do Brasil, em 1998, numa associação com o banco Opportunity, conseguiu mudar o panorama. Isso apesar de significativos avanços na área patrimonial; como reforma e ampliação do Fazendão; e na parte administrativa, profissionalizando o seu corpo diretivo e valorizando as divisões de base.

Desde 1988, os únicos títulos expressivos do Bahia foram os bicampeonatos baianos de 1993 e 1994 / 1998 e 1999, além do bicampeonato do Nordeste, em 2001 e 2002. Pior, os torcedores foram obrigados a assistir à queda do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro em 1997 e 2004. Luta para sair de lá até hoje.

Em 2005, a diretoria voltou à carga na política de contratações e, novamente, foi obrigada a se desfazer precocemente de vários jogadores. Mesmo assim, a aposta é de uma mescla de jogadores da base com atletas experientes, como o goleiro Emerson, o zagueiro Reginaldo e os atacantes Uéslei, Dill e Viola.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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