Por que o Bahia deve jogar no Barradão?

Temos que rever seriamente essa história de manter o mando de campo em Camaçarí. O estádio tem se apresentado como se fosse um campo neutro. O empate ocorrido contra o Feirense foi um tropeço que não seria tolerável na Fonte Nova. Não devemos esquecer que o mando de campo de ontem era nosso. Portanto, empatamos com o Feirense jogando “em casa”.

O estádio Armando Oliveira pode ser considerado “neutro”, na medida em que constatamos a ausência do torcedor do Bahia em Camaçarí. È fato que os torcedores do Bahia não estão comparecendo. A torcida sempre campeã do Brasil em presença no estádio por diversas temporadas está órfã da Fonte Nova.

A elevação nos preços dos ingressos como um meio de retrair a demanda por ingressos, juntamente com a distância de 40 km são variáveis explicativas ao pífio comparecimento da Torcida tricolor nessas primeiras rodadas ao estádio Armando Oliveira. Partindo desse pressuposto, seria lógico acreditar que se o Bahia mandasse os jogos no estádio do Barradão, o comparecimento seria maior? a resposta é sim.

Conscientemente, passamos a admitir a possibilidade de mandar os jogos no barradão quando consideramos as questões operacionais de um clube de futebol como fatores que se refletem dentro de campo. Em relação as questões operacionais de um clube de futebol, devemos destacar que, há muito tempo que não é característica dos clubes do futebol brasileiro, a adoção da bilheteria como principal fonte de receita. Com o advento da profissionalização do futebol, as principais fontes de receita tem sido a venda de jogadores, cotas de televisão e de patrocínio (uniforme), publicidade, royalties, venda de direitos de imagem e receitas do clube social (piscina/academia/quadra entre outras). Segundo levantamento feito por estudiosos do tema, a receita de bilheteria representa apenas 7% da arrecadação média dos clubes profissionais brasileiros.

No Esporte Clube Bahia é diferente. O Bahia não se enquadra nessa estatística. Neste sentido, a torcida do Bahia representa mais um contraste em relação a qualquer outra do futebol brasileiro. Não é equivoco dizer que a torcida do Bahia sustenta o clube. Nos últimos anos, a principal fonte de receita do Esporte Clube Bahia tem sido sim as bilheterias, a presença de publico.

Fora da elite desde 2003, quando caiu para a serie B, o Bahia perde 80% da arrecadação das verbas de Televisão a que teria direito, e não para por aí. O problema é que além do prejuízo em relação às cotas de TV, um verdadeiro efeito cascata atinge toda cadeia de receitas do clube. Em função do arrefecimento da visibilidade, os potenciais patrocinadores se afastam, provocando redução nas receitas de publicidade. Os atletas revelados são vendidos por um valor muito abaixo do mercado da elite, pois tem os valores do direito de imagem que agregam ao valor do passe também reduzido em função da menor visibilidade. Dessa forma, o relativo “equilíbrio” nas contas do Esporte Clube Bahia como o pagamento de salários dos atletas e outros funcionários, só é explicado pela receita oriunda das bilheterias.

Neste sentido, O grande diferencial que é a torcida tricolor, também como fonte de arrecadação não pode ser desprezado como está sendo. Apesar das infinitas restrições que temos ao Barradão, lixão para nós tricolores, até a conclusão da reforma de Pituaçu, o estádio se apresenta como um atenuante dos problemas mencionados acima.

Em tempo, a Bamor já está cantando:

“Vamos torcer para o Bahia ser campeão, lá no lixão meu caldeirão..”
leonardodiasbahia@gmail.com

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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