Fonte Nova: Um triste rastro de destruição

Por Priscila MeloUma comemoração totalmente fora dos limites, da consciência. Como nas décadas de 70/80, quando milhares de torcedores invadiam o campo da Fonte Nova para comemorar com os jogadores as conquistas dos títulos, em alguns minutos o gramado estava totalmente tomado por loucos e fanáticos tricolores, uma massa descontrolada que passou como um tsunami pelo estádio, deixando um rastro de destruição e dezenas de feridos.

Não bastava apenas comemorar, rolar pelo gramado, andar de joelhos, lutar por uma peça do uniforme dos jogadores – camisa, calção, meiões – como lembrança do dia em que o Bahia saiu do fundo do poço do futebol brasileiro, ou, para os mais otimistas, do primeiro grande passo de volta à Série A, a elite, em 2009.

A Polícia Militar bem que tentou, até à base na base da porrada, do cassetete, impedir a invasão do campo do estádio da Fonte Nova. Mas por volta das 21 horas, com os refletores apagados, só restou um rastro de destruição, como a passagem de uma faminta nuvem de gafanhotos numa delicada plantação. Portões derrubados, alambrados destruídos, redes arrancadas, placas de grama roubadas, vestiários depredados, os toldos dos bancos de reservas destruídos, o carro da maca destroçado pela ação de vândalos travestidos de torcedores do Bahia.

Atrás deles, um rastro macabro. Dezenas de torcedores caídos, feridos, pisoteados, braços, pernas quebrados, e um revezamento frenético de ambulâncias, equipes do Corpo de Bombeiros, do Samu, do Salvar e de clínicas e hospitais particulares no revezamento do atendimento aos feridos, dentro de campo, e fora dele, com a quebra de um dos degraus das arquibancadas.

Mas o que são sete mortos e 40 feridos, alguns com gravidade, se o que a torcida tricolor queria mesmo era comemorar a volta do Bahia à Série B ? Na Fonte Nova, o quadro de dor na festa tricolor, enquanto na Avenida Vasco da Gama, no Dique do Tororó, ecoavam os gritos de “bahêa, bahêa, bahêa”….da multidão atrás do Trio Elétrico, levando pela cidade a felicidade de uns, deixando para trás, a dor de outros.

Alguém vai pagar por isso. O Bahia, pelos prejuízos provocados pelo quebra-quebra da sua torcida, que serão cobrados pela Sudesb, os responsáveis pela liberação do estádio, mesmo com as restrições da 2ª Companhia Independente da Polícia Militar. Mas, depois de um minuto de silêncio, no jogo de quarta-feira, contra o Crac, a bola rola, e começa tudo de novo.Leia o texto completo aqui

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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