O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Jonas Dantas, classificou a situação da estrutura do anel superior da Fonte Nova como lastimável e defendeu a interdição total do estádio.
Técnicos do Crea-BA vistoriaram o local nesta terça-feira, onde sete pessoas morreram no domingo. “A estrutura do anel superior está seriamente comprometida. A tendência natural era que aquilo poderia resultar em uma tragédia ainda maior”, disse Dantas.
Segundo os dados preliminares, houve colapso da estrutura devido à corrosão na armadura de ligação entre a superfície inferior da liga e o engate da laje. O buraco aberto na arquibancada superior tem 2 metros quadrados e, segundo os técnicos, teria sido causado pela falta de manutenção na estrutura de concreto armado do estádio.
Foram observados diversos focos de umidade resultantes do acúmulo de água e deficiência de drenagem, o que provocou a corrosão das armaduras, comprometendo a resistência da estrutura. Além do local do acidente, outras áreas próximas poderiam ter desabado. “A oxidação e corrosão das seções estão espalhadas por praticamente 100% do papel superior”, acrescentou Dantas.
Os problemas foram verificados também nos pilares, vigas e demais lajes, comprometendo a resistência dos elementos estruturais e, conseqüentemente, o seu uso com segurança. Conforme o presidente do Crea-BA, o estado em que o estádio se encontra demonstra que não haviam rotinas de manutenção.
Segundo ele, a oxidação das ferragens é tamanha, que um dos ferros puxados durante a vistoria se desprendeu do cimento. “Não foram feitas reformas, mas sim pequenas correções e reparos, mas que não buliram na questão principal, de estrutura”, explicou.
Para Dantas, a Fonte Nova, “não apresenta o grau de sustentação mínimo necessário que o equipamento necessitaria ter para a aquela demanda de público”. A Fonte Nova foi construída na década de 50, mas o anel superior só foi construído em 1971.
Inicialmente, o Estádio da Fonte Nova comportava aproximadamente 100 mil pessoas, mas um estudo do próprio Crea-BA, realizado há dois anos, limitou o público a 60 mil pessoas por questões de segurança.
Outros problemas ajudam no desgaste da estrutura do estádio é a falta de cobertura, que faz com que o sol bata diretamente no estádio, e o nível de chuvas da região. Esses dois fatores combinados auxiliam no processo de desgaste do equipamento, aliado a antiguidade da construção.
Em relação a uma possível demolição do estádio, Dantas disse que é necessário um estudo mais amplo, que comprove a viabilidade técnica e financeira de uma obra deste porte. O laudo parcial do Crea-BA deve ficar pronto em 10 dias e será encaminhado ao Governo do Estado e ao Ministério Público.
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