Chiclete com banana na festa do Bahia

Por Paulo Leandro
Vai ter Bel Marques descendo de jatinho pra agitar com o Chicletão esperando na pista. Ricardo Chaves cai de pára-quedas cantando o hino que Adroaldo fez. No telão, os melhores momentos da campanha que levou o Bahia de volta à Série B do Brasileiro.

As imagens recuperadas dos filmes do título nacional de março de 1960 vão passar na tela gigante em um trabalho que envolveu especialistas na arte de migração de mídias a partir do patrimônio que Vicentão deixou e, finalmente, os tricolores resolveram aproveitar.

Os mais de 60 mil presentes à Fonte Nova, dia 25, vão poder assistir aos gols da campanha do título de 1988, com o diretor da Sudesb em campo, com Chico Queiroz (“Lá dentro!”), que anda por Valença, Antônio Pastori e reportagens na voz de Falcãozinho de Oliveira.

Isto tudo foi o sonho que o amigo tricolor Super-afim teve depois de saber que o Vitória curtiu de boa, na real, com Ivete Sangalo e Daniela Mercury descendo de helicóptero na Casa de Espetáculos Manoel Barradas. O Baêa está pertinho, também, de realizar seu sonho.

Super-afim tinha contado que, com sete pontos, o Bahia estaria na Série B. Faltariam quatro. Não apostaria nesta matemática forçada. Esta não foi a filosofia dos números que os gregos pensaram e os árabes deram aquele grau. É uma matemática não-hermenêutica.

PAPARICADO

Esta conta não leva em consideração os adversários. Mesmo assim, passando pelo ABC, quinta-feira, 22 de novembro, na Fonte Nova, o Bahia pode até virar líder e ficar perto de realizar o sonho de outro grande tricolor, o Vizinho Inocente, louco por uma estrelinha nova tem quase 20 anos.

E eu pergunto: e aí, vizinho, e esta estrela de campeão brasileiro da terceirona, vai ser amarelinha também, igual às outras? Ele pensou um pouco e ficou de responder depois. Provavelmente seria de outra cor, não sei. O fato é que o vizinho está com idéia fixa e quer-porque-quer a tal da terceira estrela, até no MasterCard ele faz a prestação.

Com festança ou sem festança, com estrelinha nova ou sem estrelinha nova, o certo é que o jogo-chave do Bahia foi ontem. A vitória sobre o Barras fora de casa voltou a inverter os pés tricolores, que nem o Curupira da Floresta. O time empata em casa e ganha fora.

Talvez seja melhor, então, a torcida nem ir “de com força” como está acostumada. Ou, então, se não conseguir evitar a presença em massa, a galera precisa ficar caladinha para o time não perceber. Parece que o Bahia não gosta de ser tão querido, tão paparicado, idolatrado, salve, salve.

PLACAR

O conselheiro-mor, que já avisou não ser eterno, mandou dizer que chega de empatar dentro de casa. A figura é fonte de informações representativa do clube e faz uma boa marcação na mídia, pois tem consciência e competência para dirigir a opinião que mais interessa.

É a última fronteira da política que dizem ter acabado, mas parece de mentirinha, o Homem se foi, mas agora é pior, pois a caixa se abriu e disseminou seu legado por aí tudo. E novas sementes podem brotar, quem puder pensar em herbicida, é bom levar a idéia a sério.

Adaptando ao pensamento do profeta, “se é da direita ou da traseira, não se sabe lá mais de que lado” vem uma nova travessura do coisa-ruinzinho espalhado. Esconjuro, virgem-maria, amarra esse olho-gordo da moléstia!

Comemorar o sucesso do time em campo é pouco quando se tem muito a festejar com o afastamento de profissionais que possam incomodar seu destino de continuar jogando feliz e desmarcado.

Mas a história é uma sucessão de agoras, que são momentos atuais e atualizados a cada fragmento de existência. Não há previsão de apito final, jamais sobe a plaquinha com os acréscimos, ou seja, rola uma eterna prorrogação e por isso a vida é mais empolgante que o futebol.

O placar está sempre sendo mexido, igual aquele antigo que tinha na Fonte Nova, com os números de acrílico colocados à mão quando um gol era marcado.

COLADINHOS

Depois de vencer o ABC em casa, é hora de realizar o sonho da festa de Super-Afim. Quinta, os dois maiores vencedores de títulos estaduais no País se enfrentam. Ótimo gancho para vender bem o tira-teima.

Após passar também pelo Vila, na penúltima rodada, é a vez de o Vizinho Inocente se esbaldar. Chegar na frente de ABC e Bragantino, ambos com 20, vai representar mais trabalhão para a Vizinha, pra pregar o diabo da terceira estrela de campeão brasileiro. Restará apenas o Crac, lá em Goiás, se possível já sem qualquer chance.

Atrás do Bahia, que também tem 20 pontos, mas enfrenta o problema de empatar demais, estão o Crac e o Vila Nova, ambos com 18, e o Atlético, que definhou com 15 pontos.

Crac e Vila Nova têm mais vitórias que o Bahia, então é preciso ficar ligado. Um ou dois tropeços em casa, como tem acontecido, podem expor o Bahia à situação de risco de terminar igual em número de pontos ganhos e ficar em desvantagem na quantidade de vitórias diante dos goianos coladinhos.

LIBERTADORES

Melhor que sonhar com uma festona na Fonte é passar pesadelo pros outros. Nhá Chica, que morreu num incêndio depois de beber demais, no barraco onde se escondia, no caminho do Sossego, sabia um encantamento de perturbar o juízo de uma pessoa que dormia. Agora, nos tempos da internet, um e-mail resolve.

Não é que teve notícia circulando três da madruga, dando conta que o Marília quer detonar o Vitória por ter utilizado Luiz Fernando de forma irregular? Vai pro Tribunal da Fifa, parece. Quem sabe, aquela festa toda de ontem na Toca vira pesadelo, já pensou? Seria a glória!

Aí, talvez o grande Super-Afim (tem quase dois metros) podia até dispensar os cantores e deixar a festa tricolor pra outra vez. Afinal, pense bem, meu caro Super, o tamanho do Bahia é para comemorar um título de Libertadores e não um acesso à Série B. Mas a estrelinha, esta eu sei que o Vizinho Inocente não libera. De jeito nenhum.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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