Futebol e parceria, união de amor e ódio

Por Antonio Afif

Ultimamente a moda é malhar os investidores do futebol. No Brasil e na Europa. O consenso geral, no Velho Continente, é que tem gente usando o esporte para “lavar” dinheiro. Inclusive, vários dirigentes europeus (e, conseqüentemente, próximos da Fifa) estão tentando criar alguns mecanismos para dificultar as atuações dessas lavanderias.

O detalhe é que nem todo agem desta forma. Há uma boa parcela de magnatas que apenas vê o futebol como qualquer outro negócio. Outros, por sua vez, querem alimentar seu ego, nem que para isso tenha de gastar muito dinheiro. Portanto, acho prudente não julgar que todos são “farinhas do mesmo saco”.

No Brasil foi criado um mecanismo que “empurrava” os clubes para o caminho de uma gestão empresarial, com a Lei Pelé. Tempos depois foi esquartejado pela chamada Lei Maguito. O que muitos não sabem é que as alterações realizadas em alguns artigos afugentaram muitas empresas idôneas que poderiam ser de grande valia para os times do país.

A Lei Pelé, por sua vez, foi e ainda é alvo de inúmeras críticas. Muitas pessoas que bombardeiam a legislação esportiva o fazem porque viram seus interesses pessoais serem prejudicados. Há, ainda, a corrente daqueles que jamais tiveram o cuidado de ler essas normas que regulam o esporte nacional. São os chamados “maria-vai-com-as-outras”.

É claro que a Lei Pelé, como qualquer outra regra, deve ter suas falhas e que podem e devem ser corrigidas. O mesmo se aplica para as empresas – há aquelas que são honestas, mas também existem outras que burlam seus balanços e até mesmo realizam negócios ilegais.

Desta forma, transformar os clubes em empresas não fará deles um modelo de gestão e transparência, mas certamente será um avanço, pois estabelecerá condições favoráveis para a instalação de um ambiente profissional.

Pela condição financeira que vivem as equipes brasileiras, o dirigente que rejeitar um parceiro (isto, se ainda houver algum) estará dando um tiro no próprio pé. O que precisa ficar claro é que as partes envolvidas devem compreender os objetivos de cada lado: o time deseja o retorno esportivo (bons jogadores, títulos…) e os investidores querem obter o retorno daquilo que colocaram e com lucro. Nada mais justo.

Por isso, o que a direção de uma agremiação deve fazer, antes de rejeitar uma empresa que possa ajudá-los, é tirar as devidas informações no mercado e contar com um bom projeto para o seu time, de forma a impedir que sua instituição se torne uma lavanderia.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário