Feliz Dia das Crianças

Quem mexe com esporte, não pode deixar de ser criança. Quando deixa, é porque não está mais fazendo esporte, já passou a ser outra coisa como se vê por aí, com tanta gente destratando um ao outro, ou trabalhando para destruir por causa do ódio no coração.

Por isso, imagino que hoje é dia de parabéns para todos os desportistas que são alegres, puros, inocentes e brincalhões como devem ser os erêzinhos que vivem pegando piculas neste mundo bem grandão.

Este perfil dos sportsmen, como eram conhecidos os primeiros atletas da Era Moderna, coincide com a necessidade de a sociedade ter no esporte aquele pedaço da convivência em que valeria mais a amizade, o relacionamento sincero e a capacidade de se divertir.

A recuperação dos valores do esporte como foi criado na Grécia antiga aconteceu de meados para fins do século 19. E apontava esta vocação, para a qual a presença infantil seria fundamental como forma de sinalizar o lastro de futuro e o ar da graça que somente a criança, e muita criança junta, consegue.

Ainda hoje tem criança sem bola, criança sem quadra, criança sem ter com que brincar. Algumas poucas crianças cheias de brinquedo e milhões de outras tendo de improvisar, mas sendo felizes também neste improviso, embora a carência fique latejando na vontade de ter.

Nas ladeiras íngremes, lá estão os sorrisos e as brincadeiras, nas crianças que conseguem uma bola, nem que seja aquelas de plástico que furam fácil mas permitem o grito de gol ou o drible engraçado contra a lei da gravidade social.

Até o treinador Dunga, com aquele jeito muito criança, lembrou do tempo que era uma delas, ao dar aquela entrevistona solene para profissionais de comunicação de todo o país que cobrem a Seleção, às vésperas da estréia na eliminatória da Copa, contra a Colômbia.

Que espaço enorme dão à seleção, aos treinos, às falas, aos jogadores se exercitando, um investimento gigante em uma sensação de pátria que não tem nada a ver com criança, é muito adulto esperto articulando para fortalecer seus interesses pessoais e de quem lucra com tudo isso.

Mais ou menos como esses agentes de jogadores que defendem este ou aquele titular no time, fazendo o torcedor de criança, pois o foco aí deixa de ser o mérito e a qualidade para tornar-se o desejo de ganhar mais bambá se conseguir dobrar a vontade do treinador.

Tem gente que se faz de menino e não percebe como tumultua o ambiente dos times por ficar fazendo inferno com a decisão dos treinadores. E a gente do lado de cá pensando que é um sincero desejo de mudança tática para melhorar o desempenho mas tudo não passa de maldade.

A situação não é nada alegre, nem se percebe qualquer chance de mudar para melhor, pelo menos por enquanto, tanto que só resta mesmo fazer muito caruru e distribuir doce pra ver se os santos meninos ajudam a dar alegria a tanto coração tomado pelo Tinhoso.

Na Bahia, um estudo cultural autêntico poderia apontar que o Dia da Criança já passou e foi 27 de Setembro, quando cultuamos Cosme e Damião, Crispim e Crispiniano. Quem tem filhos gêmeos sente no amor às crianças a atitude fundamental para um mundo melhor.

Mas tá valendo também hoje, na data comercial do Dia das Crianças, tentar ajudar alguma delas que não tenha acordado feliz porque gostaria de ter seu brinquedo e não ganhou porque o pai não pôde dar.

Neste mundo tão nazistão, não falta quem se aproprie da miséria para construir uma falsa imagem de bonzinho, verdadeiros diabos que se escondem em capas de anjinhos e hoje vão exercer seu disfarce para parecerem o que jamais serão. Esta é a parte mais ordinária dos nazi.

Mas, se você ainda tem salvação e na sua casa, seu filho não quer mais um brinquedo velho, mesmo quebrado, junte tudo num saco e leve no Acupe de Brotas, onde tem um módulo policial, que ali tem uma galera que distribui para as crianças carentes. De verdade.

Paulo Leandro – Portal Esportivo

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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