Ney: ‘A gente tem que ganhar em casa e somar pontos fora’

O Vitória sempre foi celeiro de grandes goleiros, formados nas suas divisões de base. Exportou muitos, dentre eles Dida – pentacampeão mundial pela Seleção Brasileira e atualmente no Milan da Itália –, Felipe (Corinthians) e Fábio Costa (Santos). Entretanto, o clube parou de produzir e o jeito foi importar. Jean, ex-Bahia, foi o último a dar certo. Emerson e Rafael Córdova caíram no descrédito e o clube contratou Ney, um desconhecido que deu certo. Ele não se considera o “salvador da pátria”, mas com defesas importantes tem evitado resultados negativos do Leão no Campeonato Brasileiro da Série B. Como reconhecimento da diretoria, seu contrato foi prorrogado por dois anos a partir de 30 de novembro. Revelado nas divisões de base do Matsubara-PR, Ney completará na próxima semana 30 anos. Ele teve uma rápida passagem pelo Ho Chi Minh, do Vietnã, mas não suportou e voltou para o futebol brasileiro.

– Como você reagiu à proposta de antecipar a renovação de seu contrato por dois anos, a partir de 30 de novembro, quando termina o Campeonato Brasileiro da Série B?

Ney – Reagi com surpresa pelo fato de ainda faltarem três meses para o término do atual vínculo com o Vitória. Entretanto, foi uma satisfação muito grande. O meu trabalho vem sendo bem desenvolvido e a diretoria está dando valor ao que tenho feito. Espero cada vez mais melhorar para ajudar o time.

– Depois de rodar em vários clubes, como se deu a oportunidade de trocar o futebol paranaense pelo Vitória?

Ney – Atuando pelo Londrina, fiz bons jogos contra as grandes equipes do Paraná e deve ser em função dessas atuações que o Vitória se interessou pela minha contratação. Soube que tinha observadores do clube acompanhando a minha carreira e acredito que dessa maneira fui indicado para jogar no futebol baiano, onde me sinto muito orgulhoso e gratificado.

– Existia uma crise de goleiros no clube. Vitor, Rafael Córdova e, por último, Emerson, se desgastaram e foram queimados. Chegou a sua vez, você entrou e não mais saiu. Esperava que a titularidade acontecesse logo?

Ney – Com toda a humildade e respeito aos companheiros, o que vem acontecendo desde que cheguei para o Vitória é fruto de trabalho, de uma dedicação enorme. Some-se também a paciência, a perseverança e a honestidade. No momento que o professor Givanildo (Oliveira) me deu a primeira oportunidade, de jogar contra o Ipatinga, deu tudo certo. Tivemos uma vitória por 4×0 e, graças a Deus, as coisas estão positivas para o meu lado. Que continuem assim.

– Para o torcedor rubro-negro, você hoje é considerado o “salvador da pátria” justamente pelo fato de ter evitado muitos resultados negativos na Série B.

Ney – Eu sou um cara que se empenha ao máximo e busca ajudar os companheiros, como também eles procuram me ajudar nos momentos mais difíceis durante as partidas. Sem essa de “salvador da pátria”. Sou mais um jogador do grupo e que respeita muito a camisa do Vitória, justamente para estar sempre preparado e tranqüilo nos momentos de dificuldades. Quero sempre corresponder ao que esperam de mim.

– Qual foi até agora o jogo mais difícil?

Ney – Não tenho dúvida de que foi na minha estréia, contra o Ipatinga, no Barradão. As pessoas não conheciam o meu trabalho, existia uma expectativa muito grande de como seria o meu comportamento no time com a saída de Emerson, profissional que tinha mais de um ano de casa. Para complicar, o Barradão estava cheio. Felizmente, o meu começo foi bom. A partir do jogo contra o time de Minas Gerais só estou dando continuidade ao meu trabalho.

– Você tem um detalhe que chama muito a atenção em relação a outros goleiros, que é o fato de falar quase todo o tempo. É sua maneira desde o início da carreira?

Ney – Sim. Os treinadores sempre cobram o posicionamento do goleiro em relação aos demais companheiros pela melhor visão de jogo. Sempre me dou bem, principalmente porque ajudo também os meus colegas, orientando-os da melhor maneira possível. Eu gosto de falar e mostrar o posicionamento, porque diminui o perigo lá atrás. O objetivo é o mínimo possível de erros.

– Cada goleiro tem uma maneira própria de se posicionar. Você prefere resguardar mais a meta ou gosta de atuar mais avançado?

Ney – Gosto de atuar mais na frente. Procuro antecipar as jogadas e os cruzamentos. Saindo do gol, consigo fechar mais o ângulo do finalizador. Esse posicionamento facilita para a gente e dificulta para o adversário. São fundamentos que trabalho no dia-a-dia com o treinador de goleiros do Vitória (Eduardo Andrade) para diminuir o risco de sofrer gols e aumentar as chances de defender um possível chute.

– Qual o atacante mais perigoso e que lhe deu muito trabalho?

Ney – Os artilheiros são sempre perigosos. Cito, por exemplo, o Fábio Oliveira, do Remo; Val Baiano, do Gama; Maurício e Kélson, do Criciúma. Às vezes, o cara não é goleador nato, mas se posiciona bem dentro da área e torna-se um perigo. Toda a atenção tem que ficar em torno dele. Eu só não falo como também observo o comportamento dos atacantes inimigos. Na Série B tem jogadores de muito qualidade. Acompanho sempre como andam os artilheiros, como se comportam em campo, como batem na bola, como se posicionam, enfim, são cuidados que o goleiro tem que ter.Entrevista concedida ao Correio da Bahia

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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