Quem paga o prejuízo do Bahia?

Na tarde de ontem o Esporte Clube Vitória divulgou o prejuízo que vem tendo nos jogos que faz como mandante, chegando a quase 150 mil negativo nas 9 partidas realizadas até agora (1 no Barradão e 8 no Pituaçu) em que recebeu no total 74.358 torcedores. Provavelmente o objetivo foi mostrar o quanto é difícil fazer o negócio futebol com graves problemas de arrecadação. 

Mas e o co-irmão Bahia? Como é que está nesse começo de temporada? Fazendo o levantamento nas 8 partidas que realizou como mandante, todas elas na moderna Arena Fonte Nova, sendo um desses jogos o grande clássico local, o prejuízo operacional registrado nos borderôs ultrapassa a casa dos 200 mil reais, para um público total de 71.822 torcedores. E se for considerar que o valor do torcedor que tem o TOB não gera receita (já que é uma mera ventilação no borderô, afinal o plano já foi pago antecipadamente), o prejuízo operacional dos jogos do Bahia nesse primeiro trimestre beira os 300 mil reais. Aliás, o único jogo que não deu prejuízo foi justamente contra o Vitória. Se não fosse o BaVi o prejuízo já teria passado 600 mil reais. 

Mas será que o título desse texto está certo? Realmente o Bahia teve prejuízo? A resposta é simples: Não! O Bahia saiu nesses 3 meses com mais de 2 milhões no bolso, isso em função do contrato entre a Arena e o clube que garante no mínimo 750 mil reais por mês. E quem paga esse valor? E o prejuízo operacional? Bom, quem paga os quase 2.5 mi apenas desses 3 primeiros meses somos todos nós cidadãos, que goste ou não do Bahia, que aprecie ou não o futebol, afinal o governo baiano, que só pela construção vai pagar 100 milhões por ano nos próximos 15 anos, é sócio na Arena para dividir os lucros e os prejuízos operacionais. 

Mas certamente podem argumentar: “Estamos no início da temporada, onde os jogos não são interessantes. Computando com o Brasileirão os números serão outros”. Pois bem, no ano passado onde tivemos praticamente todos os jogos do Brasileiro na Arena, o resultado operacional nos borderôs do Bahia foi de 3.8 milhões, e isso com jogos que não temos todos os anos como a inauguração que por si só foi responsável pelo resultado de 1.1 mi. Aliás, em apenas 6 jogos dos 25 o resultado somado ultrapassa 3.2 mi, e todos eles jogos com grande apelo da torcida “visitante” (3 BaVis, Corinthians, Vasco e Flamengo). Os outros 19 jogos juntos tiveram resultado insignificante. 

E ainda que o resultado operacional das partidas tenha sido 3.8 mi, a Arena pagou ao Bahia 9 milhões, conforme veiculação do contrato entre as partes, ou seja, o Bahia deu um prejuízo só no primeiro ano de 5.2 milhões. E se não fosse os jogos em que a torcida “visitante” se mostrou mais presente (nesses 6 jogos citados não houve a limitação dos 10%, ficando a torcida visitante com cerca de 30% dos ingressos vendidos), o prejuízo seria ainda maior. 

O interessante é que mesmo tendo grande apelo da tal torcida “visitante”, a Arena Fonte Nova não libera sequer os 10% regulados pela CBF (o estádio tem capacidade para 50 mil pessoas, segundo o próprio site da Arena, e no último BaVi foram colocados a venda apenas 4.214 que se esgotaram faltando 5 dias para o jogo), mesmo deixando 2 setores do estádio fechados por falta de demanda da torcida mandante que só conseguiu ocupar 60% do estádio nesses quase 1 ano de operação quando o ingresso estava a 10 reais. 

Mas certamente o Bahia não está nem aí pra isso, afinal de contas, esse prejuízo não é dele. É nosso!

Victor Hugo

Fotos: Felipe Oliveira / EC Bahia / Divulgação

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